A baleia azul é o maior animal que habita a Terra e é também o maior animal que já viveu no nosso planeta. É muito maior do que o maior dinossauro que alguma vez existiu e pesa o equivalente a 2000 pessoas. O seu coração é do tamanho de um carro pequeno e a dimensão dos seus vasos sanguíneos é tal que uma criança poderia nadar lá. Este gigante dos mares precisa de comer cerca de 4 toneladas de alimento por dia para manter a sua atividade. A sua principal fonte de alimento é o krill.


Krill é o nome coletivo dado a um conjunto de espécies de animais invertebrados semelhantes ao camarão. São pequenos crustáceos constituintes do zooplâncton (plâncton animal) e que se alimentam de fitoplâncton (plâncton vegetal) e de algum zooplâncton. São a principal fonte de alimento de várias espécies de baleias assim como de outros animais como o tubarão-baleia e a jamanta.
Durante muito tempo pensava-se que se houvesse uma diminuição do número de baleias que se alimentam de krill a quantidade destes animais iria aumentar drasticamente, mas veio a provar-se que não era assim. O declínio do número de baleias que ocorreu devido à caça a estes animais na realidade levou à grande diminuição dos pequenos crustáceos do krill e não à sua expansão. Afinal o que aconteceu?
As baleias alimentam-se do krill nas grandes profundezas escuras do oceano e em seguida deslocam-se para a superfície para respirar. Quando se encontram à superfície as baleias eliminam fezes ricas em nutrientes como o ferro e o nitrogénio, elementos estes escassos nas águas superficiais. À superfície, em águas onde penetra a radiação solar, os microrganismos do fitoplâncton, que são a base da cadeia alimentar, os produtores, têm então acesso a estes nutrientes permitindo-lhes sobreviver e realizar a fotossíntese. A produção de matéria orgânica é assim assegurada pela fotossíntese com a utilização de dióxido de carbono e água na presença da luz. Desta forma o zooplâncton tem alimento à sua disposição, pois estes seres são predadores do fitoplâncton, o que lhe permite reproduzir-se, podendo ser ele próprio alimento para os outros níveis das cadeias alimentares.
A deslocação vertical das baleias na coluna de água, entre as zonas escuras e profundas e as zonas com luz da superfície, não só permite o transporte de nutrientes de uma zona onde abundam para uma zona onde escasseiam como ainda ao agitar a água, melhora a homogeneização dos nutrientes conduzindo ao desenvolvimento do fitoplâncton. O desenvolvimento dos produtores desencadeia assim a expansão do zooplâncton e consequentemente a proliferação das baleias. Este efeito, conhecido como cascata trófica, é afinal um processo ecológico que se inicia no topo da cadeia alimentar e que, como a água duma cascata que vai descendo ao longo de um declive, vai afetando todos os níveis alimentares que se encontram abaixo.
Mas então como é que as baleias podem mudar o clima? As baleias ao interferirem no nível dos produtores, os seres fotossintéticos, privilegiando com a sua presença o desenvolvimento destes seres microscópicos, aumentam a captação de dióxido de carbono que assim diminui a sua concentração na atmosfera. Como este gás é o principal contribuidor para o aumento acentuado do efeito de estufa e consequente aquecimento global, se diminui a concentração de dióxido de carbono na atmosfera porque fica armazenado no fundo do oceano quando estes seres morrem, então as baleias estão a contribuir para mudar o clima.
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